ODAMIM®

ARTESÃOS das ARTES PLÁSTICAS

Regiane Silva Cury e Guilherme Vinhatico Cury

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A Arte Ancestral dos nossos Antepassados:
A herança biológica dos nossos

antepassados está presente em nossas Obras

Nós somos um casal brasileiros de 

Artesãos e Artistas Plásticas

Nós somos RSerafim e GCury.
Nós somos Odamim!


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A R T I G O S

Poema "Barukh Dayan haEmet: Zichrono Livrakhah" e artigos
Decifrando o poema ברוך דיין האמת: זכרונו לברכה,  publicado na edição nº 918 de 03/11/2024 da Revista Bem-estar e as cartas I, II, III e IIII publicadas nas páginas 2 das edições de 07, 14, 21, 28 de novembro de 2024 do Jornal Diário da Região em mídia impressa com circulação em 58 municípios, também disponível on-line

Tempo de leitura aprox.: 40 minutos

 (Clique aqui para ler)

POEMA Barukh Dayan haEmet: Zichrono Livrakhah, de autoria de Guilherme Vinhatico Cury (Nome artístico: Odamim; Nome judaico: Shlomo ben’Esav ibn-Ismail) EM HEBRAICO CLÁSSICO COM TRANSLITERAÇÃO E TRADUÇÃO:


בָּרוּךְ דַּיָּן הָאֱמֶת: זִכְרוֹנוֹ לִבְרָכָה

Bārukh Dayān hā'Émet: Zikh'ronô Li'Ḇrākhāh

Bendito seja o Verdadeiro Juiz: Que a Sua memória seja para bênção


בָּאֲדָמָה הַזֹּאת נָחִים מְהַגְּרִים

Bā'adāmā hazô't nāCḥyim m'hagryim,

Neste solo repousam imigrantes


אֲשֶׁר בִּימֵי חֹשֶׁךְ

Ashêr b'yimée Cḥōshêkh

Que, em tempos sombrios,


חִפְּשׁוּ אֶת הַשָּׁלוֹם הַנִּרְצָה

CḤipashu êt hashālōm han-nirtzā

Buscaram a tão almejada paz.


בְּתְנוּעַת הַמְּטוּטֶלֶת הַשְּׁקֵטָה

B'tenu´at ham-meṭuṭelét hashqetā,

No silencioso oscilar do pêndulo,


הַמּוֹדֶדֶת אֶת מַהֲלַךְ הַזְּמָן

Ham-mōdédét ét mahlākh hazēmān,

Que marca o compasso do tempo,


זַרְעֵיהֶם, הַנֶּהֱנִים מֵהַשָּׁלוֹם הַזֶּה

Zar'ehém, hanéhényim m'hashālom hazé,

Suas sementes, que usufruem dessa paz


שׁוֹמְרִים עֲלֵיהֶם וּמְשַׁמְּרִים אֶת זִכְרוֹנָם

Shomryīm `aleihém u'meshamryīm ét zikhronām,

Zelam por eles e mantêm intactas as suas memórias,


לְמַרוֹת קִצּוּר יְמֵיהֶם

L'marot qitzur y'mehém.

Apesar da brevidade dos seus dias.


אִם אֶשְׁכַּח אוֹתָם

Im 'éshkaCḥ otām,

Se eu me esquecer deles,


יִשְׁכְּחוּ הַשָּׁמַיִם אֹתִי

Yishk'Cḥu haShamayīm 'otyī.

«יִשְׁכְּחוּנִי הַשָּׁמַיִם.»

Yish'k'Chunyi haShamayīm.

Que os Céus se esqueçam de mim.


יְבוֹרְכוּ כָּל אֵלּוּ שֶׁנוֹחַ כָּאן

Yēbor'Cḥu kol elu shénoaCḥ kān

Benditos àqueles que aqui descansam


בָּרוּכִים הַנּוֹחִים כָּאן

Bārukhyīm hanoCḥīm kān!

Benditos os que repousam aqui!


לְמַעְלָה | לְרָמוּת נַפְשָׁה שֶׁל ת״דֶּם

L'mā`lā | L'rāmut nafshā shél TAV"deM

«לְעִילוּי נִשְׁמַת תַּו״דֶּם»

«Lei´ylui nishmat TAV"deM»

Pela elevação da alma de TAV"deM


דּוֹדָתִי הָאַהוּבָה עֵזָה

Dodātī hā'ahuḇā ´Eza,

Minha amada tia Eza,


בַּעַלַת נֶפֶשׁ טָהוֹרָה

Ba´alat néfésh ṭāhorā,

Possuidora de uma alma pura,


מִן הַיּוֹם הַשְּׁבִיעִי בַּחֹדֶשׁ הָרִאשׁוֹן וּבַחֹדֶשׁ הַשְּׁבִיעִי [תִּשְׁרִי]

Min haYiom ha-Sh'ḇiy`ī ba-Cḥodésh haRishōn u-ḇaCḥodésh ha-Sh'ḇiy`ī [Tishrei]

Que, desde o 7º dia do 1º e 7º mês [Tishrei],


לִשְׁנַת ה׳תשפ״ה לִבְרִיאַת הָעוֹלָם

Lishnāt Hei-Tav-Shin-Pe-Hei Liḇriy'at hā´Olām,


«חֲמִשָּׁה אֶלֶף שִׁבְעַת אֲלָפִים וּשְׁמוֹנֶה»

«Cḥamishā éléf shiḇ´at alāfíym u'shmoné»

חמישה אלף שבע מֵאוֹת ושמונה

Chamishá elef shevá mē'ot u-shmonê

Do ano 5785 da criação do mundo,


נָחָה בְּשֵׁנָה עֲמוּקָה שֶׁל הַמָּוֶת

NāCḥā b'shenā ´amuqā shél haMāvét.

Repousa no profundo sono da morte.


זֵכֶר צַדִּיקָה לִבְרָכָה

Zēkher Tṣaddīyqā li'Ḇrākha,

A memória de uma justa seja uma bênção,


וְעָלֶיהָ הַשָּׁלוֹם

V´āléyhā haShālom.

E sobre ela, a paz.


אָמֵן וְאָמֵן

'Āmēn v'āmēn.

Amém (de verdade em verdade)!



אוֹדּאַמִים: גיליירמה וינאטיקו ח׳ורי

ODAMIM: Guilherme Vinhatico Cury

שְׁלֹמֹה בֶּן עֵשָׂו אִבִן-אִיסְמָעֵאל  ابن إسماعيل

Shlomo ben’Esav ibn-Ismail

אָמַן אוּמן (בַּעַל מַלְּאָכָה) מֵאֻמָּנוֹת חָזוֹתִית ("אֻמָּנוֹת יָפֶה), פָּסַל, מְעַצֵּב הֶרְאַלְדִּיקָה ,מְאַיֵּר , ומְשׁוֹרֵר

Artesão das Artes Plásticas, escultor, desenhista heráldico, ilustrador e poeta. 



POESIA NA CIDADE: uma seleção das melhores inspirações rio-pretenses

REVISTA Bem-estar (Diário da Região) Ano 17 - Nº918 | Domingo, 3 de novembro de 2024, P. 2

https://bemestar.diariodaregiao.com.br/u/ODAMIM.Guilherme


Barukh Dayan haEmet: Zichrono Livrakhah


Neste solo repousam imigrantes

que, em tempos sombrios,

buscaram a tão almejada paz.

 

No silencioso oscilar do pêndulo,

que marca o compasso do tempo,

suas sementes, que usufruem dessa paz, 

zelam por eles e mantêm intactas

as suas memórias,

apesar da brevidade dos dias.


Se eu me esquecer deles,

que Os Céus se esqueçam de mim.

Benditos àqueles que aqui descansam.


Pela elevação da alma de TAV”deM,

minha amada tia Eza,

possuidora de uma alma pura, 

que, desde o 7º dia do 1º e 7º mês 

do ano 5785 da criação do mundo,

repousa no profundo sono da morte.


A memória de uma justa seja uma bênção,

e sobre ela, a paz.

Amen v’Amen!


ODAMIM: Guilherme Vinhatico Cury

Shlomo ben’Esav ibn-Ismail

Artesão das Artes Plásticas, escultor, 

desenhista heráldico, ilustrador e poeta. 


Decifrando ברוך דיין האמת: זכרונו לברכה, carta I

DIÁRIO DA REGIÃO ANO 75 Nº 21632 | São José do Rio Preto, quinta-feira, 7 de novembro de 2024, P. 2

https://front1.diariodaregiao.com.br/opiniao/artigos/decifrando-carta-i-1.2010302

https://www.diariodaregiao.com.br/opiniao/artigos/decifrando-carta-i-1.2010302

Em resposta aos pedidos dos leitores para uma explicação do meu poema — publicado na edição nº 918 de 3 de novembro na Revista Bem-estar do Diário da Região — vos escrevo. Devido ao limite de caracteres e à complexidade das explicações, dividirei a resposta em quatro partes, a serem publicadas em dias diferentes.

Sou Guilherme Vinhatico Cury, judeu, rio-pretense e bisneto de refugiados que buscaram asilo no Brasil. Por ser filho de mãe judia (de linhagem sefaradim e origem bnei-anussim) e de pai árabe (de origem libanesa maronita), recebi o nome judaico Shlomo ben’Esav ibn-Ismail, que aponta minha herança semítica. No entanto, alguns de vocês me conhecem pelo nome artístico ODAMIM, o qual compartilho com minha esposa, a também artista plástica Regiane Silva Cury.

Explicado a tríplice assinatura, vamos ao poema Barukh Dayan haEmet: Zichrono Livrakhah:


Neste solo repousam imigrantes/que, em tempos sombrios,/buscaram a tão almejada paz.//No silencioso oscilar do pêndulo,/que marca o compasso do tempo,/suas sementes, que usufruem dessa paz,/zelam por eles e mantêm intactas/as suas memórias,/apesar da brevidade dos dias.//Se eu me esquecer deles,/que Os Céus se esqueçam de mim./Benditos àqueles que aqui/descansam.//Pela elevação da alma de TAV״deM,/minha amada tia Eza,/possuidora de uma alma pura,/que, desde o 7º dia do 1º e 7º mês/do ano 5785 da criação do mundo,/repousa no profundo sono da morte.//A memória de uma justa seja uma bênção,/ e sobre ela, a paz./Amen v’Amen!


Somada com a assinatura poética que revive o estilo literário judaico Melitzah dos Maskilim do movimento da Haskalá, aprendido por meio da tradição, apresento, neste poema de 5 estrofes, a reunião das características de 5 categorias da tradição poética, literária e litúrgica judaica: Qináh (lamento), como um poema de luto que homenageia a memória dos entes queridos falecidos, mantendo o tom solene e reflexivo característico de uma elegia, com a presença de metáforas relacionadas à morte. Piyut (poesia), devido ao uso de linguagem cabalística com dedicatória litúrgica que eleva a sofisticação estilística. Selicháh (súplica), por suplicar pelo reconhecimento divino em favor de uma pessoa justa. Tiqun (reparação), como pedido de elevação espiritual, como parte do rito destinado a ajudar a alma a alcançar um estado de paz e bênção. E, Zichron (recordação), por invocar uma bênção à memória perpétua, preservando a conexão com os ancestrais. 

Na próxima carta darei continuidade em minha explicação sobre esse profundo e místico poema, auxiliando os leitores a compreenderem os recursos estilísticos, linguísticos e culturais os quais utilizei.


ODAMIM: Guilherme Vinhatico Cury

Shlomo ben’Esav ibn-Ismail

Artesão das Artes Plásticas, escultor, 

desenhista heráldico, ilustrador e poeta. 


Decifrando ברוך דיין האמת: זכרונו לברכה, carta II

DIÁRIO DA REGIÃO ANO 75 Nº 21637 | São José do Rio Preto, quinta-feira, 14 de novembro de 2024, P. 2

https://front1.diariodaregiao.com.br/opiniao/artigos/decifrando-carta-ii-1.2012202

https://www.diariodaregiao.com.br/opiniao/artigos/decifrando-carta-ii-1.2012202

Dando sequência na explicação que foi iniciada anteriormente, disserto sobre meu poema, onde o título combina duas expressões hebraicas: Barukh Dayan haEmet, bênção judaica que significa Bendito seja o Verdadeiro Juiz, tradicionalmente recitada ao receber a notícia do falecimento de alguém, em reconhecimento da soberania divina sobre a vida e a morte; e Zichrono Livrakhah, que significa Que sua memória seja uma bênção, expressão de condolência e respeito que exalta a memória dos justos. 

O título, portanto, tem um peso simbólico que transcende o luto pessoal para se integrar em uma dimensão coletiva de reverência aos antepassados, preparando o leitor para uma reflexão profunda sobre a morte, a justiça divina e a memória dos que partiram.

O poema inicia com um verso que carrega uma grande carga emocional e histórica: Neste solo repousam imigrantes. O uso do termo imigrantes remete imediatamente ao conceito de diáspora e às incontáveis experiências de migração que marcaram a história, não apenas dos povos semíticos que habitam o Crescente Fértil do antigo Oriente Próximo desde eras imemoriais — dos quais sou descendente —, mas de outras populações que foram forçadas a migrar para uma terra estrangeira que falava um idioma estranho aos seus ouvidos. Essas e as palavras que seguem, que, em tempos sombrios, buscaram a tão almejada paz, foram cuidadosamente escolhidas com o objetivo de, com a figura do imigrante, convocar um sentido de universalidade e coletividade, pois não se trata de um indivíduo isolado, mas de um grupo que partilha de uma experiência comum de deslocamento e busca por segurança. Por não mencionar períodos específicos, permite-se ao leitor interpretar a menção conforme seu conhecimento e suas próprias associações históricas, criando, assim, uma narrativa atemporal em que qualquer pessoa que compartilhe uma memória coletiva de exílio e sofrimento possa se identificar.

A estrofe seguinte traz uma imagem forte e simbólica como recurso de personificação na passagem inevitável dos dias, alheia ao nosso alvedrio: No silencioso oscilar do pêndulo, que marca o compasso do tempo, carregando uma quietude respeitosa, um silêncio reverente que se alinha com a solenidade do poema e simboliza, metaforicamente, a fragilidade e a efemeridade da vida humana diante do tempo e desses ciclos divinamente ordenados em movimentos contínuos e inevitáveis, os quais podem ser detidos apenas pelo próprio Relojoeiro, O Grande Arquiteto que projetou o Universo. E será a partir daqui que continuarei minha próxima carta.


ODAMIM: Guilherme Vinhatico Cury

Shlomo ben’Esav ibn-Ismail

Artesão das Artes Plásticas, escultor, 

desenhista heráldico, ilustrador e poeta. 


Decifrando ברוך דיין האמת: זכרונו לברכה, carta III

DIÁRIO DA REGIÃO ANO 75 Nº 21642 | São José do Rio Preto, quinta-feira, 21 de novembro de 2024, P. 2

https://front1.diariodaregiao.com.br/opiniao/artigos/decifrando-carta-iii-1.2013909

https://www.diariodaregiao.com.br/opiniao/artigos/decifrando-carta-iii-1.2013909

Dando seguimento nas explicações sobre o meu poema Barukh Dayan haEmet: Zichrono Livrakhah, vos escrevo.

Ainda na segunda estrofe, como expliquei em minha última carta sobre a transitoriedade da existência, o poema articula uma reflexão sobre a brevidade dos dias, revelando uma consciência de que o tempo, embora precioso, é fugaz. Mas, antes de findar, há uma conexão direta em que o solo da primeira estrofe é, enfim, semeado, quando suas sementes, que usufruem dessa paz, zelam por eles e mantêm intactas as suas memórias. Aqui, sementes, além de carregar um significado simbólico de continuidade — representando a progênie e suas gerações subsequentes — também indica a esperança no futuro, já que quando uma semente é lançada, espera-se e acredita-se, mesmo sem a garantia do porvir, como quando, ao deitar antes de dormir, ainda que sem saber se estaremos vivos no amanhã, colocamos o relógio para despertar, porque tudo está nas mãos dos Céus, exceto o temor dos Céus. Neste mesmo instante, revela-se que o objetivo dos antepassados foi alcançado e que a Paz que tanto sonhavam e encontraram apenas na morte, enfim, conheceu seus descendentes.

Antes que a segunda estrofe encerre com a enigmática bênção Benditos àqueles que aqui descansam — na qual o adjunto adverbial de lugar “aqui” não desempenha seu papel com clareza, deixando em aberto a incógnita sobre onde me refiro ao mencionar o lugar de descanso dos meus antepassados, que pode ser “aqui” no poema, “aqui” nos supracitados céus, “aqui” em minhas memórias ou “aqui” como o lugar onde não devem ser esquecidos — é proclamado o sagrado juramento como alerta: Se eu me esquecer deles, que os Céus se esqueçam de mim. Esta frase, ecoada fortemente no Tehilim 137:5-6, onde o exilado jura nunca esquecer Yerushalayim, foi introduzida por meus ancestrais no rito iniciático da silenciosa irmandade semítica chamada ‘Ordem dos Filhos da Estrela Oculta do Antigo Oriente’ e ganhou maior significado em 1915, ao ser consolidada como expressão de devoção e compromisso moral no contexto da memória coletiva em relação ao Genocídio Armênio. Meu trisavô, Khazen Al-Khoury, tomou conhecimento disso ao se aproximar da comunidade armênia que também buscou refúgio no interior paulista, e que também se esforçou em se distanciar do decadente Império Otomano daquela geração, então liderado pelo movimento dos Jovens Turcos. Essa alusão intensifica o compromisso do eu lírico com a memória dos antepassados, equiparando o esquecimento a uma forma de traição divina e demonstrando o intercâmbio cultural entre refugiados que se viam como irmãos.

Minha próxima carta será a última sobre o tema.


ODAMIM: Guilherme Vinhatico Cury

Shlomo ben’Esav ibn-Ismail

Artesão das Artes Plásticas, escultor, 

desenhista heráldico, ilustrador e poeta. 


Decifrando ברוך דיין האמת: זכרונו לברכה, carta IIII

DIÁRIO DA REGIÃO ANO 75 Nº 21647 | São José do Rio Preto, quinta-feira, 28 de novembro de 2024, P. 2

https://front1.diariodaregiao.com.br/opiniao/artigos/decifrando-carta-iiii-1.2015816

https://www.diariodaregiao.com.br/opiniao/artigos/decifrando-carta-iiii-1.2015816

Nesta 4ª e última carta, com as explicações finais acerca do meu poema Barukh Dayan haEmet: Zichrono Livrakhah, concluo que uma explicação completa demandaria a escrita de um livro, haja vista que há 4 níveis de interpretação, os quais, no acrônimo PaRDeS apresentam o pomar das palavras: Peshat, Remez, Derash e Sod, onde camadas e mais camadas são removidas para que, então, a mensagem seja compreendida. E aqui apresentei apenas a explicação pelos dois primeiros níveis, Peshat e Remez, onde é feita uma interpretação literal e contextual, analisando os significados implícitos e alusivos, além de considerar o cenário histórico, cultural e geográfico em que o poema foi escrito e ao qual se refere. Enquanto que nos níveis Derash e Sod é feita uma busca profunda e investigativa onde uma interpretação mística e esotérica se alinha a KABBALAH, sendo o último nível entendido como segredo misterioso.

É importante saber que as primeiras 4 estrofes deste piyut, que cuidadosamente escrevi, enquanto poema litúrgico e cabalístico, são fixas e estão esculpidas na lápide da sepultura de nossa família. Já as outras partes podem ser modificadas ou adaptadas ao longo do tempo, de acordo com minha necessidade, assim como ocorre em outros piyutim. Sendo assim, a última estrofe foi criada especificamente para minha amada tia Eza, onde TAV״deM apresenta o acrônimo das iniciais de seu nome. Além disso, como acróstico, possui mensagens ocultas através das letras hebraicas ת״דם em que TAV também é o nome da letra ת, e tem por objetivo a elevação de sua alma, em Paz, haja vista que ela realmente é possuidora de uma alma pura [...] e justa, e merece tamanho empenho e dedicação de minha parte.

Quanto ao 7º dia do 1º e 7º mês do ano 5785, refere-se a Tishrei, o primeiro mês do ano civil judaico e que também é o sétimo no calendário religioso, que começa em Niysan, marcando o espaço de tempo entre Rosh Hashanah e Yom haKipurim; demonstrando que seu nome foi escrito e selado no Livro da Vida sem a necessidade de aguardar o Yom Kippur para oferecer expiação. No judaísmo, os números são muito importantes — e nunca são escritos da forma como são escritos por acaso — já que cada letra do alfabeto corresponde a um número também na Gemátria; onde mais uma característica bem equilibrada é revelada: tanto os 3 nomes de nascimento de minha tia, que contêm o mesmo número de letras, quanto os números presentes nas datas do seu nascimento e do início de sua jornada no pós-vida, são muito significativos e foram levados em consideração na elaboração desta estrofe, com muito amor e carinho.

Aqui, encerro minhas cartas.


ODAMIM: Guilherme Vinhatico Cury

Shlomo ben’Esav ibn-Ismail

Artesão das Artes Plásticas, escultor, 

desenhista heráldico, ilustrador e poeta. 


POEMA Barukh Dayan haEmet: Zichrono Livrakhah (EM HEBRAICO CLÁSSICO)

בָּרוּךְ דַּיָּן הָאֱמֶת: זִכְרוֹנוֹ לִבְרָכָה


בָּאֲדָמָה הַזֹּאת נָחִים מְהַגְּרִים,

אֲשֶׁר בִּימֵי חֹשֶׁךְ

חִפְּשׁוּ אֶת הַשָּׁלוֹם הַנִּרְצָה


בְּתְנוּעַת הַמְּטוּטֶלֶת הַשְּׁקֵטָה,

הַמּוֹדֶדֶת אֶת מַהֲלַךְ הַזְּמָן,

זַרְעֵיהֶם, הַנֶּהֱנִים מֵהַשָּׁלוֹם הַזֶּה,

שׁוֹמְרִים עֲלֵיהֶם וּמְשַׁמְּרִים

אֶת זִכְרוֹנָם,

לְמַרוֹת קִצּוּר יְמֵיהֶם.


אִם אֶשְׁכַּח אוֹתָם,

יִשְׁכְּחוּ הַשָּׁמַיִם אֹתִי. «יִשְׁכְּחוּנִי הַשָּׁמַיִם.»

יְבוֹרְכוּ כָּל אֵלּוּ שֶׁנוֹחַ כָּאן «בָּרוּכִים הַנּוֹחִים כָּאן!»


לְמַעְלָה | לְרָמוּת נַפְשָׁה שֶׁל ת״דֶּם «לְעִילוּי נִשְׁמַת תַּו״דֶּם»

דּוֹדָתִי הָאַהוּבָה עֵזָה

בַּעַלַת נֶפֶשׁ טָהוֹרָה

מִן הַיּוֹם הַשְּׁבִיעִי בַּחֹדֶשׁ הָרִאשׁוֹן וּבַחֹדֶשׁ הַשְּׁבִיעִי [תִּשְׁרִי]

לִשְׁנַת ה׳תשפ״ה לִבְרִיאַת הָעוֹלָם, 

«חֲמִשָּׁה אֶלֶף שִׁבְעַת אֲלָפִים וּשְׁמוֹנֶה»

«חמישה אלף שבע מֵאוֹת ושמונה»

נָחָה בְּשֵׁנָה עֲמוּקָה שֶׁל הַמָּוֶת.


זֵכֶר צַדִּיקָה לִבְרָכָה,

וְעָלֶיהָ הַשָּׁלוֹם.

אָמֵן וְאָמֵן.




אוֹדּאַמִים: גיליירמה וינאטיקו ח׳ורי

שְׁלֹמֹה בֶּן עֵשָׂו אִבִן-אִיסְמָעֵאל  ابن إسماعيل

,(אָמַן אוּמן (בַּעַל מַלְּאָכָה) מֵאֻמָּנוֹת חָזוֹתִית ("אֻמָּנוֹת יָפֶה

פָּסַל, מְעַצֵּב הֶרְאַלְדִּיקָה ,מְאַיֵּר , ומְשׁוֹרֵר

Poema “O sempre Diário da Região, Farol da nossa História”, escrito e recitado por Guilherme Vinhatico Cury (Odamim) no evento de inauguração do Centro Cultural do Diário da Região no dia 23 de julho de 2024 e publicado no dia 24 de julho de 2024 na edição especial de aniversário.


Diário celebra 74 anos com festa e inauguração do Centro Cultural

Espaço foi inaugurado com uma cerimônia que reuniu autoridades, colunistas e colaboradores na tarde desta terça-feira


Tempo de leitura aprox.: 10 minutos

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“O sempre Diário da Região, Farol da nossa História”

por ODAMIM (Guilherme Vinhatico Cury)


Sob os céus da nossa Rio Preto, n'alma do papel inscrito,

renasce a voz que à história, em tinta, o manuscrito.

Diário da Região, nas tuas páginas, a história do nosso povo é contada,

manténs viva a memória da nossa cidade, que às gerações vindouras será apresentada.

Setenta e quatro anos de uma longa caminhada,

que a cada passo tem sua força renovada.


E com a luz da imparcialidade, em cada notícia anunciada,

guias nossos dias, ao passo que nossa história é por ti preservada.

E, agora, nasce o espaço cultural,

Com seu grande acervo e obras de beleza natural.

Que siga iluminando, firme, nossa estrada,

Diário da Região, nosso farol de esperança e jornada.



Poema publicado em 24 de julho de 2024 em mídia impressa com circulação em 58 municípios, também disponível on-line

DIÁRIO DA REGIÃO ANO 75 Nº 21556 | São José do Rio Preto, quarta-feira,  24 de julho de 2024, P. 14

https://www.diariodaregiao.com.br/cidades/riopreto/diario-celebra-74-anos-com-festa-e-inaugurac-o-do-centro-cultural-1.1980861

https://front1.diariodaregiao.com.br/cidades/riopreto/diario-celebra-74-anos-com-festa-e-inaugurac-o-do-centro-cultural-1.1980861 


Odamim, a origem
O texto a seguir apresenta os criadores, explica a origem do nome do estilo artístico, e esclaresse pontos pertinentes ao tema.

Tempo de leitura aprox.: 15 minutos

 (Clique aqui para ler)

"Em o princípio de [...]"

Regiane Silva Cury, concluiu com louvor seu bacharelado em Administração pelas Faculdades Integradas Dom Pedro II e Universidade Federal de São Carlos, no ano de 2017. Em paralelo ao curso de Ensino Superior, Regiane aprendia mais sobre o Judaísmo juntamente com seu marido, Guilherme Vinhatico Cury; vivência essa que será relatada mais abaixo. 

Em 2019, Regiane deu início em sua segunda graduação. Ao cursar Pedagogia juntamente com seu marido, Guilherme Vinhatico Cury (que iniciou mas não concluiu o ensino superior), e que já atuava na Educação Especial, auxiliando no aprendizado e acolhimento de alunos como apoio à inclusão, surgiu a ideia de ambos utilizarem das técnicas que já estavam experimentando em suas Obras de Artes desde meados de 2014 para criar Obras de Artes em que deficientes visuais e portadores de baixa visão pudessem tocar na tela¹, senti-la e "vê-la" através do tato¹. Foi com esse objetivo pedagógico e de caráter inclusivo que O Estilo Artístico ODAMIM® começou a ser gerado.

CONCEITO

Os estudos de hebraico, aramaico, e filosofia do medievo árabe-judaico auxiliam não apenas na criação das Obras, mas também está intrínseco em tudo que é produzido pelo casal, incluindo o nome do estilo.

Devido a sua origem judaica por linhagem matrilinear —  sendo a mãe da mãe de sua mãe uma judia sefardita de Utiel que veio da Espanha para o Brasil entre o fim do século XIX e ínicio do século XX juntamente com seu marido e também judeu de Cuenca natural de Vileta — e à sua patrilinearidade libanesa — descendente em linha direta de Maronitas do norte do Líbano, que por sua vez eram descendentes dos nativos da cidade Síria de Homs que foram cristianizados por volta do século IV, e que emigraram de Emesa para as regiões de Miziara no monte que nasce em Zgharta por volta do século XVIII —, assim como de Mizrachim (também por linha patrilínea), oriundos de antigas comunidades formadas após a divisão do reino do Norte (Isra'El) e do Sul (Yehudah) e que dispersaram na antiga diáspora, ocorrida entre a primeira e a segunda destruição do Templo (Beit haMiqdash). Período este marcado por inúmeras migrações, conquistas, retrações e expansões dos territórios nas mudanças de domínios e nos processos de colonização que compreendem o vasto território onde atualmente estão localizados Irã, Iraque, Síria, Líbano, Turquia, Jordânia, Cisjordânia, Israel e norte da Palestina. Esse contexto explica o substrato étnico onde Sírios-Libaneses e Persas, Mizrachim e Teimanim, se fazem presentes com suas assinaturas genéticas ao lado de Arameus, Hebreus, Nabateus e Cananeus (Fenícios) na herança biológica herdada de seus ancestrais que comprovam sua origem semítica —, Guilherme sob o nome Shlomo ben`Esav ibn-Ismail (Yishmael), acompanhado por sua esposa Regiane (conhecida como Rivqa pela comunidade judaica), após rigoroso processo rabínico e julgamento Halákhico, iniciou os estudos na Instituição de Ensino Yeshivah Pirjei Shoshanim (Israel) para o processo de Aliá (via Sefaradim), passando por Batei Midrashim tais como o na Sinagoga Ohel Avoteinu beth knesset, sob a supervisão dos Rabinos Efraim e Alexander Chayim Bravo Shlita, do Kolel da Yeshivah Beit Moriah, Rav Yaakov Shlita, entre outros, como os professores de alfabetização e letramento em língua hebraica clássica, Sha`ul ben T.; e o digníssimo Moreh Esh Yohanan.

Dentre os Rabinos, aquele com quem mais aprenderam foi o Rabbi Imanuel ben’Isaac Imanuel, a quem o casal possui grande admiração e carinhosamente chamam de "Chakham Venturas". O título denomina e qualifica enquanto Talmid Chakham devido ao grau de conhecimento talmúdico, entendimento da Halakhah e sabedoria prática presentes em seus ensinos de Torah. Chakham Venturas possui ordenação rabínica pela Yeshivah Or Nissim e que, antes da semichah lerabbanut, realizou estudos nas Yeshivot Sderot, Binyan Olam, Kolel Tomchei Teshuvah, Messilot Hatora, entre outras instituições judaicas em Israel, como o Yemin Orde, de Haifa.

A ORIGEM DO NOME

O termo "ODAMIM" foi cunhado por Guilherme Vinhatico Cury (GCury) em coautoria com sua parceira e esposa Regiane Silva Cury (RSerafim). A etnicidade e a filosofia de vida dos autores serviram de base para a criação do nome, assim como uma homenagem a união familiar.

Os sábios de abençoada memória ensinaram quatro níveis de interpretação. E, assim como a Gematria é utilizada na busca da sabedoria e do conhecimento para desvendar os mistérios sagrados e revelar os segredos do oculto; anagramas, permutações, acrósticos e acrônimos são utilizados no processo de formação de palavras. Essas técnicas aplicadas na exegese da Torah que também são utilizadas na Kabbalah e no Zohar ao estudar os Midrashim, por exemplo, foram invocadas para a criação do termo. Portanto, o nome "Odamim" é um tributo à um membro tão especial da família dos criadores e possui em sua etimologia uma referência a origem indígena de Regiane e semítica de Guilherme.

Bereshit aponta Adam como o primeiro "homem", utilizando da palavra אדם que pode designar um nome próprio, como é o caso de "Adam e Chaváh", mas também pode significar uma pessoa, uma população e até mesmo a humanidade como um todo. Proveniente do verbo hebraico "adom" אָדֹם, que significa "vermelho", o Midrash ensina que, de forma alegórica, Adam é originário da terra e por dela ser criado, como nativo que é, possui um tom de pele ocre-avermelhado ("אוכרה אדמדם" אוֹ "אוכרה אדומה"), devido a pigmentação natural do solo argiloso do qual sua forma foi moldada. Essa coloração está presente em nossas Obras de Arte.

A partir da raiz léxica אדם, muitas variações surgiram, como אודם, traduzido para rubi (do latim "ruber" para vermelho), que designa o nome do mineral. Também אוד para brasa, de coloração avermelhada. Na terminologia colorimétrica utiliza-se אדום para a cor vermelha e אדמדם para avermelhado. No hebraico moderno, אודמים (transliteração: Od'mim/Ud'mim) também é utilizado para designar o cosmético rouge (do francês para "vermelho") e também o blush (do inglês "rubor"/blushing: corar), além do verbo para as palavras de mesmo significado possuindo uma aplicação independentemente de ser ou não para um produto/objeto.

Portanto, a aplicação pode ser feita tanto para nomear ações como pessoas, como substantivo, verbo ou adjetivo: um homem, a humanidade, a pessoa, a terra, o vermelho, o ocre, o rubor, o corar, a tonalidade da pele e os tons de cabelo e barba (ruivo), e também a ação onde um objeto pode "ser tingido de vermelho".

Odamim | אודאמים 

Com a pronúncia /oʊˈdɐ̃ːmj:m/ de acordo com os Fonemas do Alfabeto Fonético Internacional (AFI) moderno, eis a origem de "Odamim": formação lexical ligada semanticamente à cultura, de palavra hebraica derivada do aramaico, que aponta por étimo a expressão "avermelhar-se", sem necessidade de justaposição. A escrita אודאמים (leia-se אוֹדאמים) é a utilizada como padrão, muito embora, na escrita moderna e sem aramaísmos pode ser escrito עודאמים de forma a manter a fonética. Por tratar de uma palavra de origem semítica é gravada como أوْدَامِيم, em árabe.

Pronúncia em nomenclatura arcaica: אוֹדּאַ֞מִים

Por se tratar de uma palavra de origem semítica baseada em um proto-alfabeto na forma de escrita abjad, ou seja, que utiliza de um sistema de escrita no qual apenas as consoantes são representadas, se faz necessário, para uma pronúncia mais cuidadosa e para fins de desambiguação, além do uso dos neqqudot (pontos vocálicos), a também utilização de um te'amim (sinal diacrítico de cantilação) como recurso para facilitar a pronúncia, inserindo um gershayim acima da sílaba tônica e um dagesh chazaq foi adicionado ao Daleth para o alongamento consonantal (geminação) da consoante que acompanha a vogal, diferenciando o som forte do suave.

אודאמים (וגם אוֹדאמים או עֹודאמים; נכתב לעיתים אוֹדּאַמִים)
הגייה במינוח ארכאי: אוֹדּאַ֞מִים

"Odamim" enquanto palavra aparece algumas vezes na Torah. Abaixo segue Shemot 39:34 em suas duas versões:

שמות¹ פרק לט: פסוק לד

וְאֶת-מִכְסֵה עוֹרֹת הָאֵילִם, הַמְאָדָּמִים, וְאֶת-מִכְסֵה, עֹרֹת הַתְּחָשִׁים; וְאֵת, פָּרֹכֶת הַמָּסָךְ.

¹ בכתיב המסורה מנוקד | לפי הכתר וכתבי היד הקרובים לו 


שמות פרק לט: פסוק לד (בכתיב מלא)

ואת-מכסה עורות האילים, המאודמים, ואת-מכסה, עורות התחשים; ואת, פרוכת המסך.


 "ODAMIM": O NASCIMENTO DE UM ESTILO

Criado e cunhado em regime de cotitularidade por Regiane Silva Cury e Guilherme Vinhatico Cury, o estilo artístico ODAMIM®, nasceu da dificuldade em enquadrar (nos estilos atualmente existentes) a técnica híbrida utilizada em suas criações. "ODAMIM", portanto, refere-se a Obras de Arte de criação intuitiva geradas por mãos autodidatas (sem preparação artística-acadêmica), desde que o processo criativo seja feito por duas ou mais pessoas em síncrono (co-autoria), utilizando de técnicas manuais e artesanais sendo extremamente necessário o toque¹ pela mão do artista, além do uso de ferramentas manuais.  Esse contato físico¹ com a matéria prima durante o processo de criação da arte é essencial, pois uma das características do estilo é a pessoalidade e intimidade com a Obra, além disso, o estilo apresenta a liberdade criativa como outra característica. Para se enquadrar no estilo de arte ODAMIM também é imprescindível que cada Obra de Arte (física) seja única e exclusiva. Esboços, rascunhos e croquis devem ser devidamente destruídos após a conclusão da Obra de Arte Final. 

Devido a junção de técnicas manuais de artesanato tradicional e de referência cultural (desde que haja a transformação da matéria prima), execução de técnicas híbridas de pintura a mão livre em tela e painel (além de outras superfícies), escultura em alto e baixo relevo (raspagem, entalhes, alisamento e gravação dos contornos), com o uso de linhas também em bordado manual, — somado ao fato de que para a produção do trabalho artístico é extremamente necessário o toque pelas mãos dos criadores, além do uso de ferramentas manuais —, sendo, portanto, uma Obra de Arte criada por dois artistas e não apenas um, o casal de artesãos das artes plásticas transformou um movimento artístico em um estilo inovador. Por isso e por serem artesãos enquanto artistas plásticos, o nome que corretamente define a profissão é “artesã(o) das artes plásticas”.

Diversas classificações e modos são aplicados no estilo ODAMIM, como painéis, telas, pulseiras, colares e esculturas. O estilo também abrange totens, em várias representações e finalidades como Carrancas, Patuás, Gris-Gris, etc., consagrados ou não para uso ritualístico.

Odamim é mais do que uma marca, um símbolo, uma técnica e um estilo de arte. Conforme dito anteriormente, há um conceito poético e filosófico que começou com um objetivo pedagógico de dar visão (por meio do tato¹) aos que não podem ver (portadores de deficiência visual).
Embora possua algumas similaridades com alguns estilos existentes, tais como "ARTE POPULAR", "ARTE ERUDITA", "ARTE OUTSIDER/BRUTA", "ARTE NAÏF" e "ARTE RUPESTRE", o estilo "ODAMIM" possui conceito e características próprias, inexistentes até o momento em outros estilos artísticos, não podendo ser enquadrado nos estilos existentes atualmente.

O Estilo foi apresentada pela primeira vez em 2019 em uma exposição de curadoria própria em um evento regional de três dias, no Automóvel Clube, e noticiado nos jornais que circularam na Região de São José do Rio Preto em 4 e 5 de julho de 2019, conforme poderá ser observado na aba "Imprensa".


Nove meses de "gestação artística"


Indivíduos sem formação em arte acadêmica, mas que têm por objetivo proporcionar ao espectador uma intensa e honesta necessidade de reflexão a respeito da Obra, de si e dos outros. Uma tarefa árdua que exige muita leitura, reflexão e planejamento por parte dos criadores da Obra de Arte. Por isso, o tempo para a criação e confecção de cada Obra gira em torno de 9 meses. Daí a similitude das Obras de Arte como sendo um filho e o tempo de criação como sendo o período de gestação.

O objetivo não é decorativo ou estético; muito menos confeccionar produtos apenas para agradar os olhos do público tendo o lucro como objetivo. Artesãos das Artes Plásticas querem consciencializar os que outrora estavam alienados por filosofias tranquilizadoras. Uma Arte que causa desconforto ao abordar temas tidos como tabu. Uma verdadeira luta contra o preconceito, a discriminação, a estupidez e a ignorância das massas. Artesãos das Artes Plásticas que possuem consciência filosófica o suficiente para saberem que só podem ser realmente livres se estiverem cercados de pessoas realmente livres; bastaria a existência de um único escravo para diminuir suas liberdades, ao ponto de escravos escravizarem outros acreditando os estarem libertando.

Dualidade: o dualismo elevado ao quadrado

O fazer artístico apresenta a característica fundamental no estilo de arte Odamim de que as Obras de Arte são feitas em pares: companheiros, casais, parceiros, amigos ou irmãos, que formem uma dupla de artesãos e artistas plásticos que desejam expressar por meio da arte o que seria limitado se fosse feito por palavras. 

Essa exigência para se enquadrar no estilo se dá, principalmente, para combater qualquer resquício de egotismo que o pensamento individualista poderia nutrir nos artistas criadores. Tendo consciência de que a importância está na Arte, os criadores distanciam-se de qualquer sentimento ególatra. Porque, criar uma Obra de Arte em regime de co-titularidade exige muita intimidade. É necessário levar em consideração "o outro" sem diminuir "o eu". São quatro mãos se tocando e tocando a superfície do que em alguns meses será uma Obra Prima. Pensamentos antagônicos e forças ambivalentes podem emergir durante o processo criativo; mas é justamente essa a beleza desse estilo artístico.

Por fim, o resultado final pode ser chamado de "Obra de Arte", "Obra Prima", "Peça", "Quadro", "Painel", "Escultura"; e isso pouco importa. O que realmente importa é que o produto final é a manifestação artística do SAGRADO e do PROFANO. O tecido do painel antes imaculado agora sente-se agradecido e recebe a tinta não como mancha mas como dádiva, permanecendo íntegro e perfeito.

Os Conceitos abordados se dão nos quatro grupos: zoomórfico (representação de animais), o antropomórfico (figuras humanas e suas diversas formas), fitomórfico (aparência em forma vegetal) e os estudos dos signos por meio da semiótica, por isso e pelo conceito poético-filosófico que carrega, a peça concluída como produto final é chamada de “OBRA DE ARTE SIMBOLISTA”. 

Opondo-se ao culto à estética e ao equilíbrio, as Obras são frutos de uma profunda e intensa reflexão filosófica e literária, não tendo por objetivo agradar os olhos do público para agregar valor estético, mas artístico. É nas mãos dos artesãos das artes plásticas que a beleza do feio dá ordem ao Caos; aquilo que antes era desforme materializa-se em uma Obra de Arte. Como quando na maior das perfeitas imperfeições, os artistas, chorando de alegria, sorriem de tristeza e compreendem que o seu ridículo é o que eles têm de melhor. Essa dualidade ocorre de forma natural devido a cosmovisão que os adeptos ao estilo possuem.


ALQUIMISTAS em um MUNDO MODERNO

Como Artesãos das Artes Plásticas, Regiane e Guilherme exercem com louvor o princípio solve et coagula, transformando matéria-prima em produto acabado por meio de técnicas artesanais e manuais. Como quando se realiza o polimento e lixamento de metais e madeiras para transformar essa matéria-prima em uma SUPERFÍCIE que será utilizada para realizar pinturas à mão livre, ou quando é feito a reciclagem e o reuso de materiais que juntos farão parte da Obra Final.

Além da profunda e intensa reflexão filosófica, a tradição alquímica se faz presente no estilo ODAMIM também por meio da criação de totens, amuletos e esculturas. A semiótica e a simbologia do ocultismo são aplicados na execução da pintura em diversas superfícies, fazendo referência a identidade cultural do ser chamado humano e a crença do homem primevo, de um tempo onde a manifestação do SAGRADO e do PROFANO não estava ligadas ao que hoje o Homem-Moderno-Moderno chama de religião. Esta percepção continua intrínseca e inerentemente conectada a essência do ser.


CASAL DE ARTESÃOS DAS ARTES PLÁSTICAS

Regiane Silva Cury e Guilherme Vinhatico Cury enfrentaram muitas dificuldades em cadastrar suas Obras de Arte nos registros nacionais devido ao fato de que ambos assinavam juntos suas Obras após serem finalizadas e, as comissões que validam os cadastros não aceitavam duas assinaturas na mesma Obra de Arte.

Além disso, havia a exigência de nomear qual o estilo artístico, sempre separando as Artes Plásticas (Belas Artes) das Artes Artesanais (Artesanato). No entanto, não havendo uma linha de demarcação que separe as Obras de Arte assinadas por RSerafim e GCury de Artesanato para Artes Plásticas, bem como a não adequação do estilo de Arte utilizado em relação aos estilos de Artes atualmente registrados, houve então a necessidade de uma nova identificação. Principalmente porque essa união de técnicas é um dos pontos centrais do estilo Odamim.

Pensando nisso, e com a crença de que duas pessoas possam sim engendrar, criar, produzir e concluir o mesmo trabalho em simultâneo e de forma conjunta, Regiane e Guilherme decidiram pela criação de estilo próprio, já que sua Arte possui características próprias. E, sim! "Arte" no singular. Afinal, são duas pessoas, juntas, criando a mesma Obra.

Além de assinar suas Obras de Arte como “ODAMIM”, Regiane também assina como “RSerafim” e "Rivqa". Guilherme, além de assinar como “ODAMIM” também o faz como “GCury” e, raramente, como “Shlomo ben`Esav ibn-Ismail (Yishmael)”.


¹ Devido a natureza dos produtos químicos utilizados na confecção das Obras de Arte Simbolistas, se faz necessário proteger as mãos para realizar o toque na Obra de Arte pelos artistas durante sua produção e pelos espectadores na peça acabada.

Texto de Guilherme Vinhatico Cury.

ARTE enquanto TÉCNICA, 

uma reflexão sobre a brevidade da vida e a transitoriedade do tempo
 

Tempo de leitura aprox.: 7 minutos

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Artesão das Artes Plásticas, por Odamim


O período de vida de um homem é insuficiente para que este atinja a perfeição. Para tal é necessário o exercício progressivo de várias gerações, por várias gerações. Brevidade esta proveniente da perca de tempo em que o artesão enquanto artista não consegue dedicar exclusivamente o seu tempo em sua arte e, assim, sendo incapaz de aprimorar ainda mais sua técnica.


É necessário entender que técnica e arte estão intrinsecamente conectadas porque já foram a mesma coisa e continuariam sendo, se tanto a tradução quanto o conceito não tivesse se perdido do sentido original da palavra.


Enquanto uma técnica é descrita hoje simplesmente como um esforço para reduzir o esforço, sendo resumida na tecnicidade de processos, ou seja, um método (um tratamento sistemático do conhecimento para fins práticos), originalmente a palavra "técnica" fazia referência a um 'modo de fazer', incluindo toda forma de arte, independente do uso ou não de ferramentas ou instrumentos. A nomenclatura "artes técnicas" era tão redundante quanto desnecessária.

Observe:

Há mais de 3 mil anos atrás, τεχνικός (tekhnikós, em grego antigo) significava de/ou pertencente à arte, artístico, hábil. Etimologicamente derivado de τέχνη (tékhnē, “arte, artesanal, artesanato, ofício, técnica”), formado a partir de τίκτειν/τίκτω (tíktein, “dar existência a"), no sentido de trazer à luz algo que estava oculto (que antes estava concebido apenas na imaginação mas ganhou vida). Ou seja, há um conceito filosófico e metafísico na essência artística do guiar as mãos do artesão, tornando-se complexa a distinção entre o ôntico e o ontológico.

A partir daí surgem variações, tais como τέκτων (téktōn, artesão/construtor/aquele que gera ou produz) que era utilizado para designar o artesanato para fins artísticos refinados, excluindo ferreiro, armeiro e outras atividades da época, de quem moldava metais para finalidades não artísticas, mas incluía qualquer outra arte utilizada como um meio de expressão pelo artista detentor do conhecimento e da habilidade, sem a necessidade de o produto final ter ou não uma função utilitária. Daí a diferença entre artesão e trabalhador manual.

O artesão (τέκτων/téktōn) é o detentor de uma técnica (τέχνη/tékhnē) que é aplicada juntamente ao produzir poético, por isso uma construção artística detém valor subjetivo, ao invés de uma construção que possui valor em si — e aqui não faço referência a precificação, mas definições valorativas.


Isso fica claro quando o romano Sêneca, em seu tratado filosófico "de brevitate vitae", citando "Aforismi" (1, 1) de Hippocrates, não traduziu "τέχνη" (téchne) como "técnica", mas como "arte". Ele parafraseou da seguinte forma:


Em latim:

ınde ılla maxımı medıcorum exclamatıo est: «vıtam brevem esse, longam artem»”


Tradução literal para o italiano'

“Da ciò deriva quella celebre esclamazione del più grande dei medici: «la vita è breve, lunga l'arte»”.


Sêneca, em seu décimo livro dos Diálogos, estava se referindo a seguinte frase:


No original, em grego:

«Ὁ βίος βραχύς, ἡ δὲ τέχνη μακρή, ὁ δὲ καιρὸς ὀξύς, ἡ δὲ πεῖρα σφαλερή, ἡ δὲ κρίσις χαλεπή»


Transliteração:

Ho bíos brachýs, he de téchne makré, ho de kairós oxýs, he de peîra sphaleré, he de krísis chalepé


Em latim:

"ta brevıs ars longa occasıo praeceps experımentum perıculosum ıudıcıum dıffıcıle"


Em italiano:

"la vita è breve, l'arte è lunga, l'occasione fuggevole, l'esperimento pericoloso, il giudizio difficile"


Em português:

 "a vida é curta, a arte é longa, a ocasião fugaz, o experimento perigoso, o julgamento difícil".


Goethe em seu Opus Magnum, Faust, parafaresou o mesmo trecho do corpus hipocrático na seguinte máxima:


"Ach Gott! Die Kunst ist lang!

Und kurz ist unser Leben."


Por isso Artesão das Artes Plásticas: O processo pelo qual se faz necessário o toque¹ pela mão do artista, enquanto outras manifestações artísticas adotam processos mecânicos por meio de molde ou outras ferramentas que são de uso manual. Estas outras possuem objetivo artístico, mas utilizam metodos menos íntimos e mais impessoais; existindo, assim, uma barreira entre o criador e sua obra, seja um pincel, um formão ou um cinzel.

Ser uma "artesã das Artes Plásticas" ou um "artesão das Artes Plásticas" não se limita a possuir uma habilidade manual, nem a exercer um trabalho manual.

Cada Obra de Arte é única, exclusiva. Mesmo se tentássemos fazer cópias, nem mesmo nós, os criadores, seriamos capazes. Assim como não podemos entrar duas vezes no mesmo rio, porque na segunda vez o rio já não é o mesmo —, nem tão pouco nós —, cada Obra de Arte que criamos é única.


Não consegui uma tradução fiel do conceito aqui proposto em outros idiomas. Por exemplo, uma tentativa no francês seria algo como simplesmente informar duas técnicas no mesmo ofício:


"artiste peintre et artiste plasticienne"

"artisans d'arts plastiques"

"artisans des arts plastiques"


Mas, devido ao fato de que na França o conceito de arte visual difere de arte plástica e que a forma como um artesão é chamado pode confundi-lo com um escultor ou com um pintor, ambas as traduções acabam por serem insatisfatórias.


Abaixo, a aplicação em variações (não satisfatórias) no inglês:


"Craftspeople of Visual and Fine Arts"

"Craftspersons of Visual and Fine Arts"

"Couple of fine Arts Artisans"

"Artisans of Visual and Fine Arts"

"Craftswoman of Visual and Fine Arts"

"Craftsman of Visual and Fine Arts"

"Craftsperson of Visual and Fine Arts"


"Craftspeople of Visual Arts"

"Craftspersons of Visual Arts"

"Couple of Visual Arts Artisans"

"Artisans of Visual Arts"

"Craftswoman of Visual Arts"

"Craftsman of Visual Arts"

"Craftsperson of Visual Arts"


"Craftspeople of Fine Arts"

"Craftspersons of Fine Arts"

"Artisans and plastic artists"

"Artisans of Fine Arts"

"Craftswoman of Fine Arts"

"Craftsman of Fine Arts"

"Craftsperson of Fine Arts"


*As variações ajudam na indexação do conteúdo em portais de busca.

¹ Devido a natureza dos produtos químicos utilizados na confecção das Obras de Arte Simbolistas, se faz necessário proteger as mãos para realizar o toque na Obra de Arte pelos artistas durante sua produção e pelos espectadores na peça acabada.


Gostaria de saber mais? Acesse:


https://www.odamim.art

https://opensea.io/odamim

https://opensea.io/collection/odamim

https://instagram.com/Odamim.art

https://www.facebook.com/Odamim.art

https://web.zepeto.me/pt/detail/yWmT33wK87rts0kowBbxPdH

Texto de Guilherme Vinhatico Cury